22 de março de 2011

Oportunidade perdida ( GreenPeace )

Indonésia divulga em breve uma moratória para frear o desmatamento no país. Greenpeace teve acesso ao plano, que é pouco ambicioso e deixa de fora áreas chave

Aguardado há meses, o anúncio de uma moratória do desmatamento das florestas da Indonésia deve ser feito em alguns dias pelo governo do país. Mas o que era para ser uma boa notícia não deve passar de um plano muito modesto – até demais. O Greenpeace teve acesso ao documento e, se for anunciado como o previsto, a moratória vai deixar de fora 45 milhões de hectares de florestas tropicais e de turfa que deveriam estar sob proteção. Uma área duas vezes maior que o Reino Unido.

“A proposta da moratória é totalmente inadequada. Ela permite que as indústrias de papel e óleo de dendê destruam as florestas e a biodiversidade da Indonésia”, critica Yuyun Indradi, que coordena a campanha do Greenpeace no Sudeste Asiático. “O governo tem de tomar medidas que realmente protejam as florestas e as vidas que dependem delas. Não há mais tempo a perder”, diz.

No plano que deve ser anunciado em breve pelo presidente Susilo Bambang Yudhoyono, o hábitat de orangotangos, tigres e outras espécies ameaçadas vai permanecer vulnerável. A moratória vai muito pouco além do que a legislação do país já oferece em termos de preservação.

A melhor notícia do mês, aliás, veio da própria indústria. Há algumas semanas, a empresa Golden Agri – braço da companhia Sinar Mars na produção de óleo de dendê no país – anunciou um plano para que sua produção deixe de significar mais devastação. O plano da Golden Agri inclui não desmatar mais florestas de turfa, áreas de alto armazenamento de carbono e com alto valor de conservação. E, para isso, uma auditora independente – a organização The Forest Trust (TFT) – vai acompanhar os passos da empresa.

O plano da Golden Agri foi recebido com controlado entusiasmo pelas organizações ambientalistas, que esperavam uma proposta ainda mais ousada por parte do governo, e um certo grau de cuidado. Daqui a alguns dias mesmo essas expectativas devem ser frustradas, com o programa oficial. “Se o governo for à frente com esse plano, a promessa de reduzir mais de 40% de suas emissões de gases-estufa vai por água abaixo”, conclui Indradi.

Postado Por Lucas Silva.

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